Dicas para entender livros de filosofia


Os livros são o suporte material do texto e das idéias

É possível aprender a ler textos filosóficos - textos dissertativo-argumentativos por excelência, entendo as particularidades desse tipo de texto.

É importante destacar que um texto filosófico não é, a priori, uma narração, mas uma dissertação e uma dissertação argumentativa, não-expositiva. Nesse sentido, ele não visa a transmitir informações como por exemplo um texto jornalístico. O texto filosófico, de um modo geral, propõe uma tese e a defende através de argumentos. Ele não é um texto literário e a elegância de estilo, além de não ser obrigatória, pode constituir uma inimiga do rigor e da precisão.

Considerando tudo isso, o objetivo da leitura de um texto filosófico não é tomar conhecimento de algo, não é informar-se, não é deleitar-se esteticamente com as palavras. O objetivo da leitura, no caso da filosofia, é o entendimento do texto. Nesse sentido, a primeira pergunta que devemos nos colocar aqui é: o que significa entender um texto?

Em primeiro lugar, por entendimento podemos estar nos referindo à compreensão literal do texto, que consiste na capacidade de repetir aquilo que ele diz. Num segundo momento, podemos aludir à capacidade de parafraseá-lo, isto é, de repeti-lo ou reproduzi-lo, usando nossas próprias palavras. Mas a definição mais completa vai além dessas duas etapas.

Traduzir e superar dificuldades
Entender um texto é ser capaz de "traduzi-lo", isto é, torná-lo mais claro, mais explícito do que ele é originalmente, de modo que nos tornemos aptos a explicá-lo, a torná-lo compreensível a outros leitores. O entendido, portanto, é atingir o sentido do texto ou aquilo que ele objetivamente diz.

No entanto, nem sempre entendemos um texto, o que pode ou não estar relacionado ao seu nível de dificuldade. De qualquer modo, o não entendimento pode ser superado. Quando não se entende um texto - ou uma passagem dele - há sempre um motivo para isso.

No caso de ter havido falta de atenção, a releitura é a maneira certa de resolver o problema. Caso contrário, é preciso nos questionarmos e saber o que ou por que não entendemos.

Muitas vezes, não entendemos um texto filosófico porque não possuímos os pré-requisitos necessários para entendê-lo. Muitas vezes, um filósofo escreve um livro comentando ou contextando a obra de outro filósofo e, se você desconhecer a referência à obra anterior, dificilmente vai captar com precisão o sentido daquela que está lendo. Assim, é preciso preencher os pré-requisitos, antes de ir adiante.

Deixe suas crenças de lado
Por outro lado, o não entendimento pode ser proveniente de nossas próprias crenças que se transformam num impecilho à compreensão das idéias alheias. Se isso ocorre - em em geral certos estados emocionais permitem identificar quando isso ocorre -, devemos procurar separar claramente as nossas crenças das idéias do autor e não discutir com elas. Não podemos deixar, neste momento, que nossa opinião interfira e distorça o entendimento.

Depois de questionarmos o que é entender um texto, é conveniente nos perguntarmos se o entendemos corretamente. Uma compreensão correta não contradiz o sentido literal do texto e leva em conta as regras da gramática (em especial, a sintaxe). Além disso, porcura a unidade que o texto deve ter, sem deixar qualquer parte solta ou nenhuma passagem de lado.

Também é preciso perceber as conexões que existem entre as diversas partes do texto e, quando está nesse rumo, geralmente o leitor consegue antecipar o desenvolvimento da argumentação, prevendo o que virá a seguir. Em princípio, deve-se considerar como erro de compreensão todas as contradições encontradas no texto. Pelo menos se não surgirem provas explícitas do contrário, isto é, de que o texto tem mesmo contradições.

Acertar o foco

Em especial numa época em que se usam com freqüência metáforas do tipo "a minha leitura de...", "a sua leitura de...", "a leitura que Fulano fez de...", é importante deixar claro que a leitura objetiva de um texto é sempre uma mesma leitura. Ninguém descobre no texto o que nele não existe. A originalidade de uma leitura específica consiste em centrar o foco num aspecto específico que talvez tenha passado despercebido a outros leitores ou ainda que se pode desvelar com maior nitidez.

O entendimento é a finalidade da leitura. O meio de que dispomos para alcançá-la é a análise. Para analisar um texto devemos desconstruí-lo no nível lingüístico, procurando reduzi-lo a uma sucessão ordenada de frases simples, na ordem direta: sujeito-verbo-predicado.

Entre outros procedimentos, é importante procurar o significado dos termos que desconhecemos; identificar os pronomes presentes nas frases e saber explicitar os nomes que eles substituem; identificar os termos técnicos, substituindo-os por suas definições.

Aliás, aqui é bom lembrar que algumas palavras de uso corriqueiro podem ter um sentido bem mais específico ou mais elaborado em filosofia. Você certamente sabe o que significa a palavra "substância", mas será capaz de dizer o sentido que ela tem em um texto de Aristóteles? Para isso, você pode recorrer a dicionários específicos de filosofia.

Desconstrução semântica
Depois da desconstrução lingüística, chegou a hora de passar à desconstrução semântica, ou seja, em termos de conteúdo do texto analisado. Via de regra, o texto filosófico-dissertativo compõe-se de tese ou hipótese, argumentos, conseqüências, objetções e contra-argumentos, respostas às objetções, exemplos, definições e aplicação a um caso ou casos particulares.

Pois bem, é preciso saber identificar cada um desses componentes e, a partir daí, estabelecer uma hierarquia, ou seja, uma ordem entre o que é mais importante e o que é menos importante, o que é essencial e o que é acessório, o que é primordial o que é secundário.

Desse modo, você vai purificar o texto, libertá-lo de tudo que é inessencial e estar diante de suas idéias básicas. Com isso, o texto se tornará muito mais breve, certamente perderá sua fluência original, mas ganhará em troca uma ordem mais clara. A partir desse ponto, você já estará apto a concordar com o que é dito ou discordar disso, sabendo as razões da discordância.

Sim, porque a partir desse ponto, você já ultrapassou o entendimento - ou a explicitação de sentido - e estará seguindo rumo à interpretação do texto, que vem a ser o completar esse sentido, tecendo suas próprias reflexões sobre ele, estabelecendo um diálogo com o texto lido.

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A Pós-Graduação LATO SENSU


A formação em nível de especialização tem um objetivo muito claro: melhorar a qualidade do trabalho de quem já se encontra no mercado ou de quem busca um lugar nele e deseja apresentar-se, logo de saída, com um diferencial de qualificação. Os cursos de especialização são cursos relativamente curtos, de 360 horas, dados numa perspectiva de estudos avançados. A exigência de redação de uma monografia ou de um conjunto de artigos científicos enfatiza essa perspectiva. No campo da educação, nossa época tem exigido duas coisas: a formação continuada e a formação em níveis cada vez mais avançados. Isso significa que não existe mais formação concluída e que a escola será permanentemente um espaço por onde transitaremos. Significa também que 15 anos de escolaridade, o nível de graduação, não são mais suficientes para formar alguém com capacidade de imprimir sua marca à dinâmica da economia e aos rumos da sua sociedade. Hoje, a complexidade social exige uma formação mais longa. Economia pujante e democracia avançada exigem cidadãos extremamente competentes em suas respectivas áreas

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Notas da disciplina: Disciplina: Análise de Textos Filosóficos

ALUNO

NOTAS

Aldo Batista de Azevedo Junior

10,0

Adriano Carlos Pereira dos Santos

8,0

Ana Paula Medeiros de Mariz

9,5

Antônio Carlos Borges


Benjamim Julião de Góis Filho

10,0

Caio César da Silva

9,0

Débora Araújo de Medeiros


Débora Suzane de Araújo Faria

8,0

Glaidson Carlos de Medeiros

9,0

Joabe Tavares Pereira

8,0

Joildo Dutra de Medeiros

8,0

José Mário de Medeiros


Kerginaldo Araújo de Barros


Maria Ivone de Souza


Moacir Araújo Dantas

8,0

Raiff Gomes Nonato de Almeida

7,5

Railma Bezerra da Silva

8,5

Reginaldo Gomes da Silva

9,0

Ruxley Bernardino dos Santos

7,5

Suédson Relva Nogueira

8,0

Veridiana Teófila da Silva Costa

8,0


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Apresentação

Amigos do curso de Especialização em Ética e Filosofia Política, desenvolvido pela UERN. Este espaço e nosso, visando oferecer a oportunidade de expressamos com maior eficácia nossas dúvidas além de alongar as discussões iniciadas em sala de aula.



Aproveitem

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